Sunday, October 3, 2010

Contrapartidas pela realização do Rock in Rio vão pagar parte de ponte ciclável na Belavista


In Público (2/10/2010)
Por Inês Boaventura

Depois de quatro edições e muitas críticas de cidadãos e eleitos, arrancou ontem a primeira obra em Lisboa financiada pela organização do festival


O Rock in Rio já teve quatro edições em Lisboa, cada uma delas com isenção do pagamento de taxas municipais no valor de vários milhões de euros, mas só agora começam a materializar-se as contrapartidas há muito reclamadas por cidadãos e eleitos da câmara e assembleia municipal junto da organização do festival. Na zona Sul do parque, para onde chegou a estar prevista a deslocação do Instituto Português de Oncologia, foi ontem assinalado o início da construção de uma ponte que vai fazer a ligação às Olaias.

Esta ponte ciclável e pedonal, com quase 177 metros de extensão, terá um custo superior a 1,2 milhões de euros e deverá estar pronta dentro de 182 dias. No protocolo assinado com a organização do Rock in Rio em 2007 dizia-se que esta ia entregar à Câmara de Lisboa 800 mil euros, como contrapartida pela realização das edições de 2008 e de 2010, valor que seria aplicado, "nomeadamente, na construção de uma ponte". Afinal o montante acordado nem para isso foi suficiente, obrigando a autarquia a investir 400 mil euros neste projecto.

Já o protocolo de 2006, que previa uma contrapartida não especificada (mas que oralmente se acordou que seria uma nova vedação para a zona central do Parque da Belavista), nunca saiu do papel. O então vereador dos Espaços Verdes, António Prôa, aponta o dedo ao Rock in Rio, mas também ao executivo liderado por António Costa: "Na minha opinião, a Better World não cumpriu, mas também lamento que não tenha havido a preocupação da câmara em fazer cumprir o compromisso", acusa aquele que é hoje o líder da bancada do PSD na assembleia municipal.

Questionada sobre o assunto, Roberta Medina, vice-presidente do Rock in Rio, descartou qualquer responsabilidade, dizendo que as contrapartidas acordadas em 2006 não se materializaram porque a câmara não concretizou os projectos respectivos. Já António Costa recusou falar do passado, dizendo apenas que, "desde 2007, tudo o que tem sido combinado tem sido cumprido".


Tanto o presidente da autarquia como o vereador José Sá Fernandes destacaram a importância da ponte ciclável e pedonal para a freguesia de Marvila e para promover a sua ligação às Olaias e daí, através da Alameda D. Afonso Henriques, à Avenida Duque d"Ávila e ao centro da cidade.

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